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Velha Infância

Texto—Vera
Alvelos

Num tempo de mudança das vivências e relações entre as pessoas e o espaço comum, um tempo mediado pelas tecnologias, faz sentido recuar e recordar como foram as infâncias de outrora. Nesse sentido, ligámo-nos à comunidade através do grupo do Centro Social de Nossa Senhora do Carmo, num conjunto de actividades e entrevistas, bem como com o grupo de teatro jovem, trazendo também a dimensão do agora. Por outro lado, algumas pessoas aproximaram-se do projecto a título individual e contribuíram para a sua narrativa.

Assente em testemunhos, este projecto trabalhou as memórias individuais e colectivas de quem viveu a sua infância em meados do séc.XX, materializando-se numa exposição feita de objectos e numa performance. Os objectos, aglomerados na exposição por temáticas, ajudaram a revisitar aspectos dessas vivências antigas, como se fossem portadores de uma história. Assim, a escola, as brincadeiras, a casa, e mesmo o trabalho, fizeram parte de um percurso por esses tempos. Também um conjunto de mesas com textos e objectos, em pequenas instalações, permitiu mergulhar em algumas histórias particulares, cada uma com as suas especificidades, pois do testemunho pessoal podemos chegar e conhecer melhor a realidade global de uma época, com os seus pormenores e vicissitudes. Foi um privilégio poder ouvir estas senhoras a recordar a sua infância e testemunhar a sua generosidade na partilha do seu mundo.

Para além da exposição, partimos igualmente para uma performance, juntando duas gerações, confrontando conceptualmente dois tempos diferentes. Navegou-se por entre as histórias de cinco senhoras, abordando traumas e alegrias, rotinas familiares, receitas antigas, a dureza da escola ou do trabalho infantil, as tarefas, as brincadeiras, as dinâmicas familiares. A performance foi apresentada ao restante grupo de trabalho e, também, numa sessão de público geral, à comunidade de Guimarães, fazendo acordar muitas lembranças e histórias, pois das histórias nascem histórias, neste caso, as memórias de uns acordam as memórias de outros.

Ainda em tempo de pandemia, o projecto foi desenvolvido com todas as cautelas, sendo que permitiu um conjunto de vivências renovadoras de energia, de extrema importância depois de uma época de confinamento e isolamento da população mais idosa. Pela importância dada ao testemunho pessoal, estou convicta do valor acrescido aos participantes, na valorização dos seus conhecimentos, experiência e memórias de vida, trazendo-os para a esfera pública, para a visibilidade na comunidade.

Para quem viu a performance e visitou a exposição, Velha Infância foi uma viagem a Guimarães, ao tempo em que os nossos avós e bisavós eram jovens, uma viagem no tempo, por memórias vivas e delicadas.

Repositório

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Velha Infância Direitos reservados
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