A origem do principal tronco da família de apelido Guimarães, continua, nos dias de hoje, envolta em mistério. Teve início em Martinho de Guimarães, um oficial do arcebispo de Braga D. Fernando da Guerra e do cabido da mesma cidade, membro da elite do governo municipal desde 1479, como homem bom[1].
Contudo, este tronco, sobre o qual adiante nos debruçaremos em maior pormenor, está longe de ser o único na difusão do apelido Guimarães pelo país e pelo mundo. Muito antes de Martinho de Guimarães, já outros indivíduos carregavam o mesmo apelido, quer na vila de Guimarães, quer em outros locais do Reino.
Um dos mais antigos que se documentam pela cidade de Guimarães refere-se ao cónego João de Guimarães, abade de Travassós, que faz o seu testamento a 18 de março de 1367 (Era de 1405), no qual deixa à igreja de Santa Maria da Oliveira e seu cabido o lugar de Riba de Selho em Fermentões (Santa Eulália), e o lugar da Amorosa, meeiro a Azurém (São Pedro) e a Fermentões (Santa Eulália), com obrigação de sete missas rezadas pelo aniversário do referido cónego[2]. Talvez se refira ao mesmo cónego que possuía umas casas na Rua da Sapateira, a que o livro da fazenda do cabido, faz referência século e meio após ter testado.
«Item casas em que morou João de Guimarães com o escambo de Fernão Vaz da Cunha polas casas de Dona Branqua de censo paga a mulher de Afonso Martins e se nom pagar há de haver o cabido esta pensom pelas casas que fez João Vaz o Crespo em que ele morou porque estas som as casas em que ele dito Afonso Martins vivia e se os nom ouver por elas aos daver pelos bens da mulher de Afonso Martins ora as traz a mulher de Gonçalo Nunes genro do dito João e paga por São Miguel LX VII reais»[3].
Num documento de posse de casas na Rua da Judiaria da vila de Guimarães, datado de 26-jul-1426, nomeiam-se os testamenteiros de João Garcia, mestre de pedraria, responsável por importantes intervenções na igreja de Nossa Senhora da Oliveira; são eles a esposa do defunto, Constança Anes e Frei João de Guimarães, doutor, frade do Mosteiro de São Francisco[4].
Em 29 de abril de 1440, D. Afonso V perdoa a justiça régia e a prisão a João de Guimarães, por raptar Beatriz Vaz, filha de João Vasques, siseiro na cidade de Braga, guardando às partes o direito de o demandar civilmente por danos, perdas e interesses, sem que para isso seja preso, na sequência do perdão geral outorgado para povoar alguns lugares[5].
Em 18 de março de 1443, D. Afonso V confirma privilégio a João de Guimarães, tanoeiro, morador na cidade de Lisboa, isentando-o de ser tutor e curador, de ser fiador de qualquer pessoa, de servir por mar e terra com o concelho, salvo com Nuno Vasques de Castelo Branco, de qualquer encargo concelhio, bem como do direito de pousada[6].
Em 15 de janeiro de 1470, D. Afonso V privilegia João de Guimarães, [?] régio, morador na vila de Santarém, isentando de serem tomadas suas bestas para cargas régias, do príncipe, dos infantes ou de quaisquer outras pessoas[7].
Em 23 de abril de 1481, D. Afonso V nomeia no cargo de recebedor régio da sisa da fruta de Lisboa, a João de Guimarães, em substituição de João Teixeira, que fora destituído do cargo por cometer muitos erros[8]. Talvez o mesmo que a 02 de janeiro de 1507 é nomeado na provisão por que o rei ordena ao almoxarife da Alfândega de Lisboa que dê 2.000 réis a João de Guimarães, medidor da dita alfândega[9].
Pelo mesmo período, Alão documenta em Lisboa um Lourenço de Guimarães, de quem inicia um título Guimarães, na sua Pedatura Lusitana: «Lourenço de Guimarães foi um homem de baixa sorte[10] natural de Guimarães donde tomou o apelido. Foi criado de Paio Rodrigues. Contador mor de Lisboa, e foi Escrivão da Fazenda del-Rei D. Afonso 5º.»[11]. Entre os seus filhos documenta-se um Pedro Lourenço de Guimarães. No Livro do Armeiro mor documenta-se um brasão passado a um Pedro Lourenço de Guimarães, possivelmente o mesmo.
Como se pode constatar, elencaram-se aqui um conjunto significativo de indivíduos anteriores, coevos e posteriores a Martinho de Guimarães, que difundiam o mesmo apelido por diversas regiões do país.
De notar que a adoção do apelido “Guimarães” não se circunscreve a indivíduos naturais da vila de Guimarães e seu termo, que se movimentaram no espaço nacional e transnacional. Sendo Guimarães uma das principais vilas do Reino, sede de uma imensa comarca[12] com inúmeras paróquias e coutos densamente povoados, muitos dos seus naturais lançaram-se na epopeia ultramarina. Já nas terras que os recebiam, estes homens optavam por adotar como apelido o nome da sede da sua comarca, Guimarães. Disto se conclui que não é tácito que um indivíduo, ou seu antepassado, com o apelido de Guimarães, sejam naturais da cidade de Guimarães, ou seu termo.
Na viragem do século XVI identificamos entre os cónegos da Real Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, um com o apelido Guimarães. Trata-se do poderoso cónego Sebastião de Guimarães, que dará origem ao tronco dos Guimarães Ferraz da Vila. Por sua alma, o Cabido rezava no mês de janeiro duas missas, para as quais deixou à instituição sessenta reais de senso, impostos na Quebrada de Gosende e do casal de Subacela, da freguesia de São Jorge de Vizela[13]. Era clérigo de Missa a 27 de abril de 1509 quando testemunha um prazo realizado pelo Cabido[14]. Em 05 de julho de 1514[15] encontramo-lo já como cónego do poderoso Cabido da Real Colegiada de Guimarães. Em 01 de janeiro de 1540[16] ainda integrava aquele órgão colegial, como se constata de um prazo que o Cabido faz de umas casas à Porta do Postigo. O mesmo em 28 de abril de 1552[17].
Em 18 de agosto de 1529, na capela de Nossa Senhora do Pranto, estando reunido o cabido dos frades de São Domingos, apareceu o cónego Sebastião de Guimarães e declarou que ele tinha por título de prazo do dito Mosteiro de São Domingos «(…) duas casas que estão em a Rua de Gatos que partem de uma parte com casas do concelho desta vila e outras quatro casas térreas e uma delas é sobradada que estão na dita Rua de Gatos com suas hortas e quintais assim e da maneira que estão demarcadas (…)»[18]. Vem o referido cónego renunciar o seu prazo, condicionalmente, para que seja feita renovação do mesmo em seu genro, Gonçalo Anes Pinto e sua mulher, filha do cónego, Inês Cordeira.
De Gonçalo Anes Pinto e sua mulher Inês Correia, estamos em crer que é filha Paula de Guimarães, casada com Cristóvão Ferraz, filho de um cónego de apelido Ferraz e de Catarina Lopes, mulher solteira, natural da Rua de Santa Maria. Cristóvão Ferraz nasceu na Rua de Santa Maria, Oliveira (Santa Maria), Guimarães, ca. 1510. Foi nomeado escudeiro-fidalgo a 17 de dezembro de 1564, quando testemunha dote de casamento de Catarina Vaz com Gonçalo Fernandes Escaramenta. Em 10 de dezembro de 1567 encontrava-se preso na cadeia da correição, onde passa procuração a seu cunhado Gonçalo Vaz Guedes morador na vila de Mesão Frio, sendo nomeado como cavaleiro-fidalgo. Já era casado a 06 de abril de 1566, data em que sua esposa outorga uma fiança que dá a Gil Vaz prebendeiro do cabido. Era vereador do senado vimaranense a 27 de janeiro de 1576, como se vê por procuração passada pela câmara a Gonçalo Vieira e Estêvão Mendes mercadores e Cosme Vaz tosador para os representarem em todas as causas e demandas que trouxerem na Corte d’el rei. A 27 de agosto de 1585 era o vereador mais velho do senado.
I – PAULA DE GUIMARÃES casada com CRISTÓVÃO FERRAZ,
Tiveram:
1(II) CATARINA DOS GUIMARÃES FERRAZ, q.s.
II – CATARINA DOS GUIMARÃES FERRAZ. Nasceu na Rua de Santa Maria, Oliveira (Santa Maria), Guimarães, ca. 1558, aí falecida a 19-jun-1603. Casou na freguesia de sua naturalidade ca. 1594 com VALENTIM DE BARROS, nascido na Rua da Sapateira, Oliveira (Santa Maria), Guimarães, ca. 1530 e faleceu na Rua de Santa Maria, Oliveira (Santa Maria), Guimarães a 06-jan-1608.
Tiveram:
1(III) PEDRO FERRAZ DE BARROS. Nasceu na Rua de Santa Maria, Oliveira (Santa Maria), Guimarães, batizado a 17-jun-1595[19]. Foram padrinhos o Doutor Gonçalo da Silva e Ana Machado mulher de Gaspar de Carvalho. Casou em Refojos (São Miguel), Cabeceiras de Basto, ca. 1620 com JOANA VAZ DE CAMPOS, senhora herdeira da quinta do Pinheiro da Vinha Nova.
Tiveram:
1(IV) ANTÓNIO FERRAZ DE BARROS, Reitor de Moura, segundo Gaio, nasceu cerca 1618.
2(IV) JERÓNIMA, freira no Mosteiro de Santa Clara em Guimarães, segundo Gaio, nasceu cerca 1620.
3(IV) MARIANA DOS GUIMARÃES. Nasceu em Refojos (São Miguel), Cabeceiras de Basto, onde foi batizada a 08-fev-1622[20]. Foram padrinhos o Licenciado Miguel Rebelo e Antónia Ferraz, mulher do licenciado Paulo Vaz.
4(IV) BALTAZAR. Nasceu em Refojos (São Miguel), Cabeceiras de Basto, batizado de licença pelo padre Frei Calisto de Faria a 14-fev-1625[21] e foram padrinhos João Rebelo Leite e José Novais.
5(IV) FREI VALENTIM, frade de São Bento. Nasceu em Refojos (São Miguel), Cabeceiras de Basto, batizado a 22-nov-1625[22] e foram padrinhos Baltazar Borges da Vide e Maria Borges da Vide, filha de Guiomar de Campos.
6(IV) MARTINHO. Nasceu em Refojos (São Miguel), Cabeceiras de Basto, batizado a 04-jun-1630[23]. Foram padrinhos Luís Peixoto da Silva, ouvidor e Isabel Ferreira, mulher de António Gomes Cardoso.
7(IV) ESCOLÁSTICA, freira no Mosteiro de Santa Clara. Nasceu em Refojos (São Miguel), Cabeceiras de Basto, batizada a 02-jan-1635[24] pelo reverendo padre Frei Paulo do Rosário, abade deste mosteiro. Foram padrinhos Jacinto Laborão e Luísa Borges, tia da batizada.
8(IV) GUIOMAR DE BARROS FERRAZ, Nasceu em Refojos (São Miguel), Cabeceiras de Basto a 27-out-1637[25] e foi batizada a 4 de novembro pelo padre Dom abade do Mosteiro de São Miguel de Refojos de Basto, Frei Baltazar da Apresentação a 4 de novembro. Foram padrinhos o Doutor Rui Gomes Golias, mestre escola de Guimarães. Casou, idem, a 02-dez-1663[26] com JOÃO MACHADO DE GUIMARÃES.
2(III) ANTÃO. Nasceu na Rua de Santa Maria, Oliveira (Santa Maria), Guimarães, batizado a 22-jan-1597[27], foram padrinhos o cónego Pedro Ferraz e Guiomar de Aguiar mulher de Francisco Rebelo, comendador de Unhão.
3(III) PAULA DOS GUIMARÃES, q.s.
4(III) CÓNEGO CRISTÓVÃO DOS GUIMARÃES FERRAZ nasceu na quinta de Cima de Vila, Sedielos, Peso da Régua, Vila Real, batizado a 11-Set-1599[28], foram padrinhos Gonçalo Pereira, da quinta da Portela e Maria d’Olival. Comissário do Santo Ofício.
5(III) MARGARIDA nasceu na Rua de Santa Maria, Oliveira (Santa Maria), Guimarães, batizado a 13-jan-1601[29], e foram padrinhos Jorge do Vale e Catarina Golias, mulher de Manuel da Cunha de Mesquita. Foi freira em Santa Clara.
III – PAULA DOS GUIMARÃES. Nasceu na Rua de Santa Maria, Oliveira (Santa Maria), Guimarães, batizado a 24-Jun-1598, com o nome de pia de Paulina. Casou, idem, ca. 1619 com o LICENCIADO CRISTÓVÃO NOGUEIRA, filho de Jerónimo Gonçalves, rico mercador na vila de Guimarães e de sua mulher Beatriz Nogueira, neto materno de Domingos Gonçalves, rico mercador da praça vimaranense e de sua mulher Helena Nogueira, moradores na Rua Nova do Muro, sobrinho materno do licenciado João Nogueira.
Tiveram:
1(IV) CÓNEGO JOÃO DOS GUIMARÃES FERRAZ. Nasceu em São Paio, Guimarães, batizado pelo padre Francisco Esteves Nogueira, a 23-nov-1620[30]. Foram padrinhos o cónego Cristóvão Ferraz e Cecília Nogueira.
2(IV) GONÇALO. Nasceu em São Paio, Guimarães, batizado pelo padre Francisco Esteves Nogueira a 17-jan-1622[31], foram padrinhos Pedro Vieira da Maia e Margarida Nogueira.
3(IV) BEATRIZ DOS GUIMARÃES, q.s.
4(IV) FRANCISCO. Nasceu em São Paio, Guimarães, batizado pelo padre Pedro Mendes de Freitas a 02-ago-1624[32], foram padrinhos Manuel Rebelo Marinho e Cristóvão Machado Riconado.
IV – BEATRIZ DOS GUIMARÃES. Nasceu em São Paio, Guimarães ca. 1623. Casou idem, a 05-jan-1661 com o DOUTOR ANTÓNIO DE MORAIS[33], médico, natural de Freamunde, falecido na Oliveira (Santa Maria), Guimarães, a 09-abr-1674[34], filho de Tomé de Morais e de sua mulher e de sua mulher Catarina Gomes, morador no lugar de Freamunde da freguesia de São Salvador de Freamunde do termo do Porto. Neto paterno de Tomé Ferreira e de sua mulher Senhorinha Fernandes.
Tiveram:
1(V) CÓNEGO MARTINHO DOS GUIMARÃES FERRAZ. Nasceu no Toural, São Sebastião, Guimarães, batizado pelo reverendo cónego Cristóvão Ferraz a 19-nov-1661[35], foi padrinho Frei Martinho Pereira de Eça, cavaleiro da Ordem de São João de Malta. Sucedeu na conezia de seu tio João dos Guimarães Ferraz.
2(V) PAULA DOS GUIMARÃES FERRAZ, q.s.
V – PAULA DOS GUIMARÃES FERRAZ. Nasceu no Toural, São Sebastião, Guimarães, batizado pelo reverendo cónego João de Guimarães a 17-03-1664[36]. Casou em São Sebastião Guimarães, ca. 1678 com ALEXANDRE DO VALE PEIXOTO, nascido na quinta do Carvalho d’Arca, Polvoreira (São Pedro), Guimarães a 08-maio-1631[37]. Foram padrinhos André Vaz e sua mulher Ana Machado Vilas-Boas da cidade de Braga, aí faleceu a 10-Jan-1700[38], filho de António do Vale e de sua mulher Vitória Vaz de Vilas Boas. Segue geração na quinta de Carvalho d’Arca em Polvoreira e nos Brandão do Porto.
Firmada esta sequência genealógica da descendência do Cónego Sebastião de Guimarães, resta afirmar que entre estes diferentes ramos não foi possível aferir qualquer ligação ao tronco dos ditos “verdadeiros Guimarães”, descendentes de Martinho de Guimarães. Uma notícia, porém, merece particular destaque. Em 20 de junho de 1648 o Doutor João de Guimarães Golias, escrevendo de Estocolmo refere a morte de um familiar «(…) Nosso parente, o padre frei Antão de Guimarães, faleceu-se dia de S. Matias, no mosteiro de Aveiro, (…)»”. Na possibilidade deste Antão ser o Antão, filho de Valentim de Barros e de Catarina de Guimarães, nascido em 1597, conclui-se que a linha de Sebastião de Guimarães entroncará na de Martinho de Guimarães, uma vez que o Doutor João de Guimarães Golias, descendia deste.
Após a identificação de diversas linhas Guimarães que entre os séculos XIV-XVI se identificam pelo reino, centremos a nossa atenção na principal linha, a qual costuma ser identificada como a dos “verdadeiros Guimarães”, por oposição à perfusão de outras linhas que ao longo dos séculos se foram afirmando e que carregavam o mesmo apelido pelas circunstâncias que aqui já referimos.
Este tronco familiar, descendente de Martinho de Guimarães, é identificado nos principais Nobiliários do Reino. Mas, como falamos de Guimarães, consultamos a obra de uma das suas maiores genealogistas, Dona Maria Adelaide Pereira de Morais, que no seu artigo “Desceram do monte, atravessaram o mar (Castros de Guimarães e seu termo)” analisa o tronco de Martinho de Guimarães. Neste trabalho a autora faz um percurso pelos principais nobiliários e genealogistas que tratam da família ou de seus membros. Inicia por um dos principais pilares onde assenta a genealogia familiar e a ligam ao sangue real, a lápide do túmulo de Inês de Guimarães tendo por base Felgueiras Gaio[39]:
«Adiantam-se primeiro com uma lápide: a do túmulo de Inês dos Guimarães na Igreja de Nossa Senhora da Oliveira, em Guimarães. Aí se afirma: «Aqui jaz Ignez de Castro de Guimarães m.er do L.do João de Valladares, bisneta de Martinho de G.es f.º de Dom Fernando da Guerra bispo del Rey D. P.º o Cru e da Sr.a D. Inês de Castro e Valadares morreo a 8 de setembro de 1634». Deduz o Gayo «de cujo o Letreiro se colhe a certeza da feliação de seu vis avô. N.º 1, nest tt.º de Guimarães». Entusiasmado com a varonia real, dá princípio a esta família».
Continuando a sua análise, a autora refere que Gaio se confunde logo nas primeiras conjeturas, o que asseveramos. Começa pois com Martinho de Castro Guimarães «q huns dizem ser criado do Arcebispo D. Fernando da Guerra, outros f.o de Luiz Annes Conego de Guimaraens e ab.e de S. Cosme de Garfe, e era o d.º Martinho dos G.es, por sua may parente do d.º Arcebispo D. Fernando da Guerra q o ouve em D. Joana da Cunha, solt.a da cidade de Braga…». Diz mais «… o qual D. Fernando da Guerra era f.º de D. Pedro da Guerra e de D. Teresa, f. ª do Conde João Fz Andeiro, e neto do Infante D. João f. º do Rey D. Pedro e D. Ignez de Castro…». Remata a autora nesta última citação que «Não foi D. Teresa, primeira mulher de D. Pedro da Guerra, a mãe de D. Fernando da Guerra. O notável Arcebispo é filho de uma outra relação ou casamento. Foi sua mãe D. Maria Anes como se prova de um documento da chancelaria de D. Afonso V[40], falecida a 08-abr-1440. como mais adiante se dirá, demonstrado num recente estudo», citando o trabalho do Professor José Marques[41].
Consultando Alão de Morais[42], a mesma autora regista uma origem bastante diferente da anterior. Para aquele autor, o título dos Guimarães inicia-se em Luís Eanes, clérigo, cónego da Colegiada de Guimarães e abade de Garfe, e que teve bastardo a Martinho de Guimarães. No contraponto de Gaio e Alão, Maria Adelaide de Moraes não avança qualquer conjetura. Declara desconhecer qual das origens é a correta. Interroga-se, contudo, relativamente ao possível mito da varonia real[43].
O padre Torcato Peixoto de Azevedo, herdeiro dos saberes genealógicos de André Afonso Peixoto, além de estudioso da documentação da Colegiada, inicia o título dos Guimarães com a tradição familiar que faz Martinho de Guimarães descender do Conde D. Pedro. Porém, não deixa de contrapor a fonte documental nos seguintes termos: «(…) achamos que Martinho de Guimarães foi filho de Luís Anes cónego da colegiada de Guimarães, abade de Garfe como se vê de uns autos cíveis que estão no cartório da Colegiada, entre partes Bartolomeu Afonso contra Gonçalo Pires dos Salgueiros da freguesia de Garfe (…)»[44].
Nesta afirmação do Padre Torcato Peixoto de Azevedo se fundou Alão no seu título dos Guimarães e também Gaio, quando faz menção ao cónego Luís Anes.
Na ausência da sentença para que possamos validar esta referência, resta empossar o seu autor de autoridade bastante para a creditarmos e, deste modo, fundarmos em Luís Anes a filiação de Martinho de Guimarães. Contudo, pelo que conhecemos da sua obra, o padre Torcato Peixoto de Azevedo, não é isento de lapsos. Na ausência de uma data e de elementos mais precisos, a citação surge demasiado vaga, pelo menos, o suficiente para a questionarmos.
Para lhe infundirmos maior crédito torna-se fundamental averiguar quem foi o cónego Luís Anes, tentando reunir o maior número de dados possíveis relativamente ao seu percurso e contrapondo as suas balizas temporais às do putativo filho, Martinho de Guimarães de modo a encontrar, desde logo, correspondências cronológicas que se alinhem na ligação de paternidade asseverada. Mas isso faremos mais adiante. De momento torna-se fundamental questionar, quem foi, pois, Martinho de Guimarães?
Tendo por base os trabalhos do professor José Marques, nomeadamente “A Arquidiocese de Braga no século XV” é possível documentar que Martinho de Guimarães é amanuense para o testamento de D. Fernando da Guerra, por volta de 1462[45]. Em 18 de junho de 1464[46] o Cabido da Colegiada, pelos cónegos João Resende, arcediago de Neiva e mestre escola, Pedro Anes, capelão, Nicolau Eanes, Jorge Afonso e outros fazem prazo do casal de Infias, na freguesia de São Vítor em Braga a Martim de Guimarães, tabelião em Braga, com a renda de dois maravedis de moeda antiga. Segundo Domingos Afonso de Araújo, em 26 de janeiro de 1465 realiza uma escritura de escambo da quinta da Câmara em Moure[47]. Em 20 de abril de 1467 é escrivão substituto de João Rodrigues ad casum[48], em 16 de setembro do mesmo ano é identificado como “escrivão que foi do arcebispo” continuando no exercício por determinação do Cabido durante a Sé Vacante[49]. Seis anos depois, em 24 de janeiro de 1473 serve de tabelião geral e escrivão do cabido, cargo que ainda exercia em 09 de outubro de 1492[50]. Também a ele se refere o livro dos foros do Cabido de 1481. Documenta-se como juiz ordinário de 1494 a 1499. Com um percurso ativo de 37 anos, considerando que seria já maior de 25 anos em 1462, podemos recuar o seu nascimento anterior a 1437.
O genea Portugal[51] e a base de dados do Raglaure, apresentam uma data precisa para o nascimento de Martinho de Guimarães a 11 de novembro de 1426, mas ignoramos a sua proveniência. Carlos Silva, um conhecido e regular membro do grupo, adianta uma possível cortesia de Luís Soveral Varella, posteriormente confirmado pelo próprio[52]. Ignoramos qual a fonte da informação, todavia, esta data encaixa perfeitamente na leitura realizada.
No mesmo fórum, Manuel Abranches Soveral, depois de vincar a ilegitimidade de D. Fernando da Guerra, aponta um conjunto de razões que evidenciam a impossibilidade de Martinho de Guimarães ser filho do Arcebispo que citamos[53]:
Seguidamente, este mesmo autor propõe uma hipótese de filiação de Martinho de Guimarães que citamos «Tendo em conta tudo o que ficou dito, bem como a lápide, muito posterior, onde se afirma que Martinho era filho do arcebispo, julgo que há de facto um parentesco entre eles, mas por via da mãe do arcebispo. Com efeito, essa Maria Anes, ainda muito nova, cerca de 1385, teria tido um “caso” com D. Pedro da Guerra, do qual nasceu pelo menos o arcebispo, que já era bispo do Porto em 1418. Esta Maria Anes, já mãe do futuro arcebispo, teria então casado com alguém, como era habitual nestes casos. Deste casamento nasceu Beatriz Anes, que casou antes de 1420. Mas é possível que Maria Anes tivesse do seu casamento, além de Beatriz Anes, um filho que podia ser pai de Martinho dos Guimarães, que terá nascido cerca de 1426. Esta hipótese implicaria que o tal marido de Maria Anes fosse “dos Guimarães”. Ou seja: o avô materno do 1º conde de Abrantes seria esse “dos Guimarães”. Donde Martinho seria seu primo direito e também sobrinho do arcebispo»[54].
Esta hipótese foi construída sobre o pressuposto de que existiria um parentesco entre Martinho de Guimarães e o Arcebispo D. Fernando da Guerra, o que em nenhum momento foi provado. Como bem refere Carlos Silva no mesmo fórum “membro da casa do Arcebispo não quer dizer parente do Arcebispo”. Como tal, parece-nos um pouco forçada esta hipótese, tendo apenas como objetivo encontrar lógica num parentesco que nada nos indica que existisse, a não ser a lápide de Inês de Guimarães, que, sabemos, muito posterior.
Segue-se na mesma discussão Luís Soveral Varella que confirma ser o autor dos dados partilhados no GenePortugal, cuja origem atribui a um trabalho conjunto dos genealogistas Eugénio Andrea da Cunha e Freitas, Rui Moreira de Sá e Guerra e José Delfim Brochado de Souza-Soares publicado em «Estudos Históricos e Genealógicos», Braga, 1974. Destaca este autor as duas grandes teorias acerca da filiação de Martinho de Guimarães:
«(…) Umas genealogistas indicam o arcebispo de Braga D. Fernando da Guerra e D. Joana da Cunha como Pais de Martinho dos Guimarães. Outros querem-no filho de Luís Anes, cónego de Guimarães e abade de S. Cosme de Garfe e de uma senhora aparentada com o referido arcebispo (…)»[55].
Após estabelecer um conjunto de considerações Luís Soveral Varella, dirigindo-se a Carlos Silva refere: «Creia que quero tanto como você saber a verdade dos factos. Mas parece que não é fácil hoje ter garantias absolutas do que se foi há mais de 500 anos atrás já que não existem (ou pelo menos não se conhecem para já) documentos inequívocos de que Martinho era ou não era filho do arcebispo D. Fernando da Guerra. Ou melhor, há um “documento”, e para já único, que é a sepultura da sua bisneta em que se diz expressamente que ele é filho de D. Fernando da Guerra. Esta afirmação, que pressupõe de imediato a sua ascendência Real, num “instrumento” público, completamente público e acessível, parece-me demasiado “atrevido” à época para se tratar de uma falsidade.
De qualquer forma, parece continuar a existir “defensores” de uma e de outra causa. Uns, de que eu faço parte, apresentam este argumento para além das deduções supra. Do outro lado das opiniões, apresente-se documento tão verosímil como esse, para além das deduções, ou prove-se a sua falsidade. Até lá, parece-me de aceitar com a maior das garantias a filiação de Martinho dos Guimarães no arcebispo de Braga D. Fernando da Guerra»[56].
Destacamos dentre as várias considerações deste autor uma referência de particular importância. A alusão aos apontamentos de Valério Pinto de Sá onde se lê que nuns autos cíveis existentes no Cartório da Colegiada de Guimarães, entre o autor Bartolomeu Afonso e réu Gonçalo Pires, de Salgueiros, em Garfe, constava que Martinho dos Guimarães era filho de Luís Anes. Por certo, Valério Pinto de Sá (1682-1759) teve acesso ao nobiliário do Padre Torcato Peixoto de Azevedo (1622-1705) de onde extraiu esta informação, partilhada posteriormente por Alão de Morais e Gaio. Todavia, Luís Soveral Varella facilmente descarta esta referência sob o seguinte argumento: «Frágil argumento foi chamado à colação. Ignora-se a época da pendência desse processo, no entanto, constitui simples questão dirimida entre partes, as quais faziam alegações necessárias à defesa dos respetivos interesses. Transparece que a questão dirimia direitos reais, de reivindicação de direitos de propriedade, naja relações de família com prova produzida e cuja eficácia de caso julgado prevalecesse “erga-omnes”. Em suma, não constitui documento histórico direto»[57].
Temos, pois, dois elementos que nos merecem particular atenção: o primeiro a “aparente” impossibilidade de o túmulo de Inês de Guimarães constituir uma falsidade; o segundo, a afirmação do Padre Torcato Peixoto de Azevedo, com base num documento jurídico, constituir uma imprecisão, imputada a um autor que, sabemos, analisou melhor que ninguém os documentos da Colegiada, uma boa parte hoje desaparecida. O Padre Torcato Peixoto de Azevedo conhecia bem a inscrição tumular de Inês de Guimarães, mas, ainda assim, não hesitou pô-lo em causa ao citar esta referência documental. Estaria ele consciente de que, num local sagrado, se propalava uma falsidade deliberada? Reconheceria nesta lápide um qualquer intento menos honroso de fortalecimento de uma linhagem?
Para abordar estas questões, dividiremos a nossa análise por etapas. Primeiro, examinaremos o núcleo familiar de Inês de Guimarães a partir da genealogia manuscrita mais antiga dos Guimarães, datada de cerca de 1620[58]. Nesta análise, procuraremos situar a família no contexto social vimaranense, identificando possíveis razões que justificassem o recurso a métodos ilícitos para a afirmação da linhagem. Após essa análise, tentaremos estabelecer uma cronologia para o cónego Luís Anes.
Concluídas essas etapas, destacaremos possíveis evidências ou contradições que possam, de alguma forma, fortalecer ou enfraquecer as teorias acerca da origem de Martinho dos Guimarães.
A primeira Genealogia manuscrita dos Guimarães
A primeira genealogia dos Guimarães foi escrita ainda em vida de Inês de Guimarães, e lendo-a não transparece qualquer ligação a D. Fernando da Guerra como constará da inscrição do seu túmulo.
Transcreve-se o início da mesma genealogia:
Descendência dos verdadeiros Guimarães
Martinho dos Guimarães foi sobrinho do Arcebispo de Bragua Dom Luís que o trouxe consiguo quando sucedeo no arcebispado e o casou na dita cidade com a mais nobre e riqua molher que ao tal tempo avia nella a quoal se chamava Leonor Fernandes Chamissa filha de Fernão Lourenço da Mina a quem por excelência chamavam a senhora dos chãos della houve os filhos e filhas seguintes
1) Lourenço de Guimarães p 1
2) Pedro de Guimarães p 9
3) Diogo de Guimarães p 11
4) O Doutor Afonso de Guimarães p 12
5) Fernão de Guimarães p 13
6) Isabel Martins p14
7) Inês Martins p 15
8) Branca Martins p 21
9) Branqua dos Guimarães, p 22
Em substituição de D. Fernando, fala-se do seu antecessor D. Luís Pires, de quem se diz Martinho de Guimarães era sobrinho. Ao estabelecermos uma exegese da fonte, constatamos que D. Luís tomou posse a 08 de fevereiro de 1468. Como ficou provado documentalmente, Martinho de Guimarães já servia a casa do seu antecessor D. Fernando da Guerra continuando a servir o seu D. Luís Pires. Perante esta incongruência, somos levados a considerar um possível lapso do autor ao fornecer esta informação, pretendendo o mesmo referir-se não a D. Luís, mas ao seu antecessor, D. Fernando da Guerra, a quem coube trazer para sua casa D. Martinho de Guimarães.
Deste modo, o grau de parentesco atribuído, de tio-sobrinho, seria entre D. Fernando da Guerra e Martinho de Guimarães. Face a esta conclusão, ganha força a hipótese proposta por Manuel Abranches Soveral, que, conjetura que após engravidar solteira de D. Pedro da Guerra e ter D. Fernando da Guerra, Maria Anes havia casado e teve, além de Beatriz Anes, que casou com Diogo Fernandes de Almeida, um outro filho que podia ser pai de Martinho dos Guimarães. Nesta conjetura, firma-se a relação familiar tio-sobrinho expressa na primeira genealogia dos Guimarães, pese embora o erro claro na identificação do arcebispo[59]. Segundo esta hipótese, o parentesco não era por D. Pedro da Guerra, e como tal pela casa real, mas antes pela mulher com que este se relacionou. Na continuidade da explicação dada por este autor, constata-se a coerência de alguns dos argumentos.
Inês dos Guimarães era filha do cónego Cristóvão de Guimarães, filho de Lourenço de Guimarães e de sua manceba Margarida Luís, originária de um agregado de oficiais mecânicos. Este facto estabelecia entre ambos um claro fosso social. Além disso, imputava-se à geração de Margarida Luís uma “impureza” no sangue, o que obstava de forma significativa a qualquer tentativa de afirmação social dos seus descendentes. Os filhos de Isabel de Guimarães, pese embora a posição social que ocupavam na vila, entre a sua nobreza, tiveram de lidar com esta situação, tentando a todo o custo esconder a sua origem, e silenciar quem quer que ousasse torná-la pública. Nos jogos de poder, esta origem era frequentemente ventilada no sentido de prejudicar a geração nas suas pretensões, nomeadamente no acesso aos cargos públicos e da hierarquia religiosa.
É possível documentar alguns destes jogos de poder. Uma sentença requerida pelo Arcipreste António de Meira, resultante dos embargos colocados à sua inquirição de genere[60] perpassa alguns dos ódios existentes entre os Meira de Poveiras e os Valadares, filhos de Inês de Guimarães. O período em questão é bastante sensível no que toca aos equilíbrios de poder. Os cristãos-novos dominavam o cabido vimaranense e a publicação em Guimarães do Breve Exponi nobis de 12 de julho de 1636, com que o Papa Urbano VIII que impôs a necessidade de habilitação de Genere para os futuros cónegos, caiu como uma bomba entre a clerezia. O arcipreste Baltazar de Meira pretendeu que sucedesse no seu benefício o sobrinho, António de Meira Peixoto, tendo para tal alcançado bula papal. Correndo na vila a inquirição, obrigatória em função do novo breve, saiu pública voz de que este novo provido era cristão-novo. Embargada a inquirição, o requerente partiu para a justiça e impetrou uma sentença de prova em contrário. É esta sentença que nos dá nota dos testemunhos da inquirição original. Entre estes, figuram o cónego Miguel de Valadares, seu irmão, Francisco Rebelo de Valadares e nas contraditas um outro irmão, Pedro de Valadares, todos filhos de Inês de Guimarães e do Licenciado João de Valadares. Das mesmas contraditas extrai-se a preocupação do cónego em demonstrar que a limpeza de sangue dos depoentes os inabilitava a testemunhar de genere, ao colocar em causa a sua condição de cristãos-velhos.
Datou a sentença de 14 de janeiro de 1641 e dela é possível extrair as seguintes referências: «(…) Miguel de Valadares folhas sessenta e nove e seu irmão Fernão Rebelo de Valadares, folhas noventa e sete verso, que falsa e temerariamente juraram o contrário eram inimigos capitais dele apelante e padeciam os defeitos e contraditas que abaixo se articulam (…)»[61]. Do referido articulado consta o seguinte acerca dos filhos de Inês de Guimarães….
«(…) e quanto às testemunhas da inquirição provaria que o cónego Miguel de Valadares primeira testemunha da dita inquirição folhas noventa e seis era inimigo capital do reverendo arcipreste Brás de Meira tio dele apelante e se não falavam nem de barrete por o dito arcipreste lhe não dar seu voto quando se pôs a conezia em que estava provido e se acrescentara a este odio inimizade por o dito arcipreste dizer lhe negara o dito voto por estar regular por morte de três homens um que ele mesmo matara e outros dois que ele mandara matar por seus filhos, os quais, por esta mesma morte, foram sentenciados à forca na alçada que o mês passado estivera em Braga; // e que provaria que além do ódio capital que o dito Miguel de Valadares tinha ao dito arcipreste, tio do apelante, o tinha também ao mesmo apelante, porquanto chamado o Toural da dita vila dissera publicamente que era mais honrado que ele e lhe chamara de judeu mouro e que era neto de uma Margarida Luís manceba do cónego Cristóvão de Guimarães feiticeira que por tal fora acusada[62] pelas ruas públicas da mesma vila; e provaria que o apelante dissera também publicamente que Pedro de Valadares, irmão inteiro de Miguel de Valadares, sendo opositor em Coimbra a uma Beca do Colégio Real de São Paulo o inabilitaram por se achar nas suas inquirições que se vieram a tirar à dita vila de Guimarães pelo Doutor Luís Pereira de Castro, parente da mãe do apelante, que a dita sua avó Margarida Luís era filha de uma judia cozinheira da cidade de Braga e que seu bisavô chamado Pedro Anes fora pedreiro e tinha raça de mulato e lhe chamavam de alcunha o Cabeça de Pau nome que ainda conservam o dito Miguel de Valadares e seus irmãos e provaria que nas ditas inquirições, testemunhas muitos parentes do pai dele apelante, pelas mais razões todas acima a atrás dadas de Miguel de Valadares e seu irmão e parentes, lhe ficaram com grande ódio e inimizade capital; e provaria que a segunda testemunha da inquirição, folhas sete verso, o cónego Francisco Rebelo de Valadares, irmão inteiro do dito Miguel de Valadares e pelas sobreditas razões ficava sendo também inimigo capital do apelante e juntamente porque António de Valadares seu irmão tivera dúvidas e pendências com parentes do apelante e com pessoas casadas com suas parentas as quais brigas vieram alcaides e houvera acusações criminais de que conforme o direito resultava ódio capital[63] e provaria que Manuel de Melo da Silva folhas trinta e quatro era cunhado dos ditos Miguel de Valadares e Francisco Rebelo de Valadares casado com uma sua [irmã] inteira e assim ficava também sendo inimigo capital do apelante porquanto as sobreditas causas da inimizade tocavam igualmente a sua mulher irmã dos sobreditos além do que era pessoa de pouco crédito de que se fazia galhofa em toda a casa de jogo da dita vila assim pública como particular e lhe chamavam a carta de dois paus cara de Manuel de Melo e que fora condenado por usurário público na devassa que tirou o arcebispo de Braga na dita vila de Guimarães e fazia tudo o que queriam os ditos seus cunhados; provaria que tanto era verdade que o dito Miguel de Valadares e Francisco Rebelo de Valadares e o dito Manuel de Melo seu cunhado testemunharam como inimigos capitais do apelante o dito reverendo arcipreste seu tio que juraram que ele tinha também raça de cristão novo por parte de seu pai Brás de Meira Peixoto coisa que nenhuma das outras testemunhas jurava e sendo contrário do que tinha jurado seu pai o Licenciado João de Valadares o qual em uma inquirição que tirou Heitor de Meira seu avô jurara que ele era cristão velho que conhecera todos os avós os quais eram cristãos velhos assim os ditos seus filhos ficavam jurando falso manifestamente em dizer que sabiam o sobredito por tradição antiga de seus pais (…)»[64].
Como se vê, a limpeza da geração dos Valadares, pela manceba do cónego Cristóvão de Guimarães, não estava isenta de mácula e a família labutava para se afirmar socialmente no seio dos jogos de poder da vila de Guimarães. O cónego Miguel de Valadares e o padre António de Valadares, abade de Rio Mau, eram homens de temperamento notoriamente irascível, envolvidos nas disputas de poder e cujo comportamento impetuoso facilmente ultrapassava os limites socialmente aceitáveis. A acusação de homicídio imputada a Miguel de Valadares e a seus filhos, evidenciava a intensidade de seu caráter e a propensão a agir fora das normas sociais e morais da época. Esta índole belicosa e audaciosa parece coadunar-se com a capacidade de articular intrigas e manipulações, como o engenho de uma mentira bem elaborada.
Neste sentido, a encomenda de uma lápide funerária para o túmulo da mãe, na qual teriam forjado uma genealogia fictícia não parece uma realidade descabida. Este artifício deliberado jogaria a favor da afirmação social da geração, garantindo que a linhagem real lhes conferia prestígio social e influência política. Num período em que o sangue e a ancestralidade eram determinantes para a afirmação social, a busca por um passado glorioso vinculado à realeza, conferia um enorme poder à família que o possuísse. Tal objetivo funcionava como uma estratégia consciente de auto legitimação e ascensão social. Dessa forma, os Valadares Guimarães, criaram uma mentira, transformada em património simbólico da geração e usada como uma ferramenta de influência e poder.
Inês de Guimarães e seu marido, o Licenciado João de Valadares, casaram com dote de casamento celebrado a 28 de setembro de 1557[65]. A escritura foi realizada na quinta de Carcavelos, em Nespereira (Santa Eulalia), propriedade dos pais do noivo, Simão Rebelo, cavaleiro fidalgo e sua esposa Margarida da Silva.
«Nos casais da Quinta de Carcavelos que está cita na freguesia de Santa Eulália de Nespereira que são de Simão Rebelo cavaleiro fidalgo morador na dita vila estando aí o reverendo senhor Cristóvão de Guimarães cónego em Nossa Senhora da Oliveira e logo por ele foi dito que ele com a ajuda de Nosso Senhor estava contratado de casar sua filha Inês de Guimarães com João de Valadares filho do dito Simão Rebelo que presente estava e que casando lhe dotava # mil cruzados os quais mil cruzados lhe há-de dar desta escritura a três anos # e em começo de pago lhe há-de dar daí a três semanas cinquenta mil reis e nesta contia de mil cruzados entrará a valeia [valia] das casas que estão na Rua de Santa Maria que ele Cristóvão de Guimarães tem prazo do cabido de Nossa Senhora da Oliveira e eles esposados haveram na vida ou vidas que os ele poder nomear a qual sua filha a nomeia em segunda vida e logo desiste ele cónego da vida que ele tem e lhas dá em dote e casamento […]»[66]
Para cumprimento do referido dote, o cónego Cristóvão de Guimarães hipotecava a sua quinta de Varziela sita na freguesia de São Miguel do Inferno, bem como a fazenda e casal que tem em Braga, de herdade de dízimo a Deus, herdados por falecimento de seu pai e mãe.
O pai do esposado dota a seu filho o casal das Quintãs, propriedade de Nossa Senhora da Oliveira, que traz por prazo e no qual é a primeira vida, nomeando a segunda no esposado, e o casal de Carcavelos, propriedade do Mosteiro da Costa, no qual é a segunda vida, nomeando a terceira no esposado, além de umas lavras reguengas que andam juntas com os ditos casais. Reservava para si o usos e frutos das ditas propriedades em sua vida.
O casal Inês de Guimarães e o Licenciado[67] João de Valadares tiveram os seguintes filhos segundo a genealogia manuscrita da família:
Curioso documentar o percurso de Miguel de Valadares. Licenciou-se pela Universidade de Coimbra, a sua matrícula não sobreviveu, ao contrário da dos irmãos, mas faz-se certo por declarações do próprio ao testemunhar na diligência de habilitação para o Santo Ofício do Doutor Pedro Beça de Faria, onde declara ao segundo interrogatório «(…) que conhece muito bem ao Licenciado Pedro de Beça por ser seu condiscípulo na Universidade de Coimbra e nesta vila e em Braga tratar muitas vezes com ele (…)»[72]. Após se licenciar advogou nos auditórios da vila de Guimarães. Ainda advogava em 29 de dezembro de 1619, declarando ter mais de cinquenta anos. Do mesmo documento sabe-se que tratou com Pedro Beça de Faria na cidade de Braga, pelo que se supõe que aí residiu. É possível que a esta data tenha já exercido o cargo de desembargador da Relação daquela cidade, que alguns autores lhe documentam. De notar que eram de Braga os antepassados de sua avó materna, Margarida Luís. Ao que tudo indica deve ter casado nesta cidade, ou nela houve filhos naturais e, a dado momento, abandonou esta magistratura retornando a Guimarães para advogar. Certo é que por alvará de nomeação por concurso, em 04 de março de 1639 o Doutor Miguel de Valadares assume a conezia Magistral[73]. Ignoramos até que ponto o assassinato que lhe imputam teve alguma relação com esta inflexão no percurso profissional e se, tal assassinato, terá alguma relação com a sua luta para esconder as origens familiares maternas.
O certo é que assumindo a conezia, não demorou a fazer inimizades, nomeadamente a do arcipreste Baltazar de Meira que lhe recusou o seu voto. Em 20 de dezembro de 1640[74], em sede tabeliónica faz uma obrigação ao Cabido na qual desiste de todos os direitos que tinha dos frutos e pensões dos benefícios que lhe pudessem pertencer. Infelizmente, o documento não refere qualquer contrapartida associada a esta atitude, mas fica a hipótese de ter existido.
Em Guimarães, o cónego Miguel de Valadares, como primogénito, assumiu o papel de principal esteio familiar, junto de quem sua mãe viveu até falecer a 06 de setembro de 1634. Foi também o principal arquiteto das estratégias destinadas a silenciar a mácula pública que pairava sobre a sua geração, a qual já havia custado a seu irmão, Pedro de Valadares, a perda de uma beca na Universidade de Coimbra. Embora desconhecendo em pleno o seu percurso, fica a certeza de que estaria longe de incorporar os valores de honra atribuíveis aos grandes do reino.
Pouco se conhece relativamente ao cónego Luís Anes. É possível, contudo, documentar a sua presença em Cabido em momentos de realização de prazos da instituição. A referência mais recuada pertence à chancelaria régia. A 11 de março de 1459, D. Afonso V doa a Gil de Castro, cavaleiro da casa real, parte de umas casas na Rua de Santa Maria, que pertenceram a Luís Eanes e a Afonso Eanes, cónegos em Guimarães, que as perderam por as ter comprado sem licença régia, sendo a outra metade doada por esmola aos Cativos de Tânger[75].
Cinco dias depois, a 16 de março de 1459[76] encontramos o cónego Luís Anes reunido em Cabido, a assistir à realização de um prazo de casas na Rua de Santa Maria. Exatamente do mesmo dia um outro documento que nos oferece a primeira referência familiar do cónego Luís Anes. Desta feita, o cónego Luís Eanes, renuncia umas casas que lhe foram legadas em testamento pelo seu tio, o chantre Pedro Afonso[77], o velho, por distinção do chantre novo, homónimo, que se transformará num dos mais ricos e poderosos homens de Guimarães no final de quatrocentos.
Seis anos depois, a 07 de abril de 1465, assiste à doação ao Cabido de umas casas na Rua do Gado[78]. Em 05 de setembro do mesmo ano está presente em cabido, aquando da realização do prazo de umas casas próximas da Torre Velha, feitas a Gonçalo Anes do Canto, sapateiro[79].
Em 03 de agosto de 1479 o cónego Luís Eanes reunido em cabido com seus parceiros, assiste ao chantre Pedro Afonso, o novo, a dar conta dos legados deixados pelo capelão Pedro Anes ao Cabido, duas casas à Porta da Torre Velha e duas casas na Rua de Santa Maria[80].
Em 25 de outubro de 1485[81] assiste à realização de um prazo no lugar das Privadas, no Campo da Feira. Em 17 de agosto de 1493[82] integra o cabido aquando da realização de outro prazo, no Campo da Feira, o da Ramada.
Uma das últimas referências ao cónego data de 15 de abril de1500[83], quando em cabido assiste à realização do prazo de umas casas na Rua de Santa Maria.
Sendo o cónego Luís Eanes que se documenta, o abade de Garfe, dado como pai de Martinho de Guimarães pelo Padre Torcato Peixoto de Azevedo, impõe-se uma evidente impossibilidade cronológica. Martinho de Guimarães e o cónego Luís Anes são contemporâneos e têm períodos de exercício profissional quase idênticos. Martinho de Guimarães serviu o arcebispo e o Cabido de 1462 a 1499, o cónego Luís Eanes serviu o cabido entre 1459-1500. O nascimento de Luís Anes apontará para data aproximada do nascimento de Martinho de Guimarães, pelo que não poderia ser pai daquele.
Antes deste período, de 1453 a 1457, documenta-se como abade de Garfe, Gonçalo Afonso, que possuía propriedades na Rua de Santa Maria[84]. Sobre este cónego fala-nos o professor José Marques, como personagem principal num episódio complexo e violento, que originou importantes confrontos entre os poderes da Colegiada. Em meados de 1456, o chantre Pedro Afonso, celebra uma permuta com Gonçalo Afonso, abade de Garfe. Segundo os termos dessa permuta o chantre cedia o seu chantrado a Gonçalo Afonso e este renunciava em Pedro Afonso a sua conezia e a igreja de Garfe. Esta permuta foi confirmada pelo arcebispo de Braga jure devolutivo. O prior e o seu vigário-geral aprovaram-no tacitamente e Gonçalo Afonso chegou a ser reconhecido como chantre por alguns capitulares. A maioria dos cónegos, contudo, opôs-se de forma determinada a esta permuta, pois achavam indigno da referida ocupação o abade de Garfe. Apenas aos cónegos competia a escolha e confirmação do chantre e a maioria recusavam-no. Impugnaram a confirmação do Arcebispo e apelaram a Roma. Irascível e furioso eram alguns dos adjetivos que lhe associavam. Havia já ferido e espancado Fernão Pires, clérigo coreiro e Gonçalo Álvares abade de São Cipriano de Tabuadelo, e estando excomungado, continuou a comungar e a ministrar os ofícios divinos[85].
Existiu antes de Gonçalo Afonso, outro abade de Garfe de nome Luís Eanes pai de Martinho de Guimarães? Nesta impossibilidade, seria Gonçalo Afonso o pai de Martinho de Guimarães? Enganar-se-ia o Padre Torcato Peixoto de Azevedo a identificar o abade de Garfe? Deixamos estas interrogações para que de futuro possam fundar novas hipóteses.
Duas das principais teorias acerca da origem de Martinho de Guimarães, parecem à luz do que foi exposto, sofrer um abalo significativo na sua consistência. Expusemos a possibilidade de a lápide tumular de Inês de Guimarães constituir uma fraude, e o facto do cónego Luís Eanes, cronologicamente, não poder ser pai de Martinho de Guimarães.
Que parece existir alguma relação familiar entre este cónego Luís Eanes (1456-1500) e Lourenço de Guimarães dado como filho de Martinho de Guimarães, é inegável, pois este herda as suas casas na Rua de Santa Maria. Para Domingos Afonso de Araújo, este parentesco era por afinidade, uma vez que Lourenço de Guimarães casou com Catarina Anes, sobrinha do cónego Luís Eanes, filha de Pedro Eanes, seu irmão. Hipótese que nos parece perfeitamente verosímil. Segundo o mesmo autor, foi devido à intervenção deste cónego junto do cabido, que Lourenço de Guimarães alcançou o rendoso cargo de prebendeiro.
Acontece, porém, que analisando o percurso de Lourenço de Guimarães, que a genealogia familiar elenca como primogénito de Martinho de Guimarães, deparamos com uma clara diferença socio-estatutária entre pai e filho que não se coaduna com uma filiação legítima. Martinho de Guimarães era uma clientela da casa do Arcebispo, integrando a nobreza da cidade de Braga e servindo como tabelião geral e escrivão do Cabido. Já Lourenço de Guimarães, futuro prebendeiro do Cabido, antes do o ser, documenta-se como ourives[86], ou seja, um oficial mecânico. Para continuarmos a sustentar a filiação de Lourenço de Guimarães em Martinho de Guimarães, face a esta constatação, teremos que considerar uma possível ilegitimidade, pois só assim se explica o desnível socioprofissional. Outra possibilidade a considerar será a de Lourenço de Guimarães, prebendeiro, não ser filho de Martinho de Guimarães, pese embora se documentar um Lourenço Martins, filho de Martinho de Guimarães, a tomar ordens sacras em 1485. Todavia, perante esta última hipótese, como explicar as propriedades em Braga herdadas pela geração de Lourenço de Guimarães?!
É possível que Lourenço de Guimarães nascesse de uma relação fortuita de Martinho de Guimarães, aquando da sua juventude ainda em Guimarães. Com a saída de seu pai da vila ao serviço do séquito de D. Fernando da Guerra, a criança permaneceu em Guimarães ao cuidado da mãe e de parentes próximos. O facto de Lourenço de Guimarães ter propriedades em Braga, firma uma ligação deste com aquela cidade, possivelmente recebidas da herança de seu pai. Estas propriedades serão administradas pela sua viúva Catarina Anes, como se documenta.
Em 13 de outubro de 1539 nas moradas da “muito honrada senhora Catarina Anes, dona viúva, mulher que foi de Lourenço de Guimarães que deus tem por ela foi dito que era verdade que ela tinha um seu casal de herdade sito na freguesia de São Vitor termo de Braga junto de Santa Maria a qual tinha dado a metade a Sebastião Giraldes que presente estava outrossim morador na dita freguesia […] o tinha dado por arrendamento a um Tristão Fernandes e sua mulher Maria Giraldes (…)»[87].
Sucederá nelas seu filho, o cónego Cristóvão dos Guimarães que, por sua vez, as dota a sua filha Inês de Guimarães para casar com João de Valadares.
Relativamente à filiação de Martinho de Guimarães, a incógnita perdura. Seria seu pai Gonçalo Afonso o irascível e odioso cónego que viu vedada a possibilidade de assumir o Chantrado? Seria este, se não pai, parente do escrivão do Arcebispo Martinho de Guimarães. Como última nota evocamos uma vez mais o prazo de Infias, em Braga, propriedade do Cabido de Guimarães, o qual em 18 de junho de 1464[88] é encabeçado por Martim de Guimarães. Ignoramos se sucedeu numa das vidas do prazo a seus maiores. a um seu maior. O facto é que o prazo da mesma propriedade havia sido realizado trinta e sete anos antes, a 30 de agosto de 1428[89] a uma Luísa Esteves, viúva que foi de João Afonso de São Vítor. Seriam estes ao pais de Martinho de Guimarães?! Hipótese vaga, contudo, de não excluir até novos informes ajudem a clarificar a ascendência de Martinho de Guimarães, tronco dos ditos “Verdadeiros Guimarães”.
Maria de Fátima Carvalho Dias — Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, Investigadora do CITCEM – FLUP
Rui Jerónimo Lopes Mendes de Faria — Professor, Historiador
NOTAS DE FIM
[1] Martins, Raquel de Oliveira, Braga and its territory between the fifth and the fifteenth centuries, Raquel Martínez Peñin (ed.), Braga: University of Minho- Archeology Unit/Lleida: Universitat de Lleida, 2015, p. 88
[2] ANTT: “Testamento de João de Guimarães, abade de São Tomé Travassos em que deixa a igreja de Santa Maria em lugar de Riba de Selho, que está junto de Santa Eulália, e o lugar da Amorosa por obrigação de sete aniversários”. Código de Referência: PT/TT/CSMOG/DP35/03. Data de produção: 1367-03-18. Cota Atual: Colegiada de Santa Maria da Oliveira de Guimarães, Documentos particulares, mç. 35, n.º 3
[3] AMAP: C -627. Ano de 1515.
[4] ANTT: “Posse de umas casas na Rua da Judiaria que ora se chama Santo espírito, cuja propriedade pertence a São Torcato, junto à sinagoga, que deixou Afonso Gil em que morou Isac Francês, judeu”. Código de Referência: PT/TT/CSMOG/DP44/22,
[5] ANTT: Chancelaria de D. Afonso V, liv. 20, fl. 74.
[6] ANTT: Chancelaria de D. Afonso V, liv. 27, fl. 76.
[7] ANTT: Chancelaria de D. Afonso V, liv. 16, fl. 117 v.
[8] ANTT: Chancelaria de D. Afonso V, liv. 26, fl. 70
[9] ANTT: Provisão por que o rei ordena ao almoxarife da Alfândega de Lisboa que dê a Afonso Gonçalves, Pedro Gomes, Diogo de Azevedo e a Fernando Gomes 5.000 réis a cada um de seus ordenados e 2.000 réis a João de Guimarães, medidor da dita alfândega. Código de Referência: PT/TT/CC/2/12/34.Corpo Cronológico, Parte II, mç. 12, n.º 34.
[10] Pertencente às camadas populares, daí a sua baixa condição, ou baixa sorte.
[11] Moraes, Cristóvão Alão de Morais, Pedatura Lusitana. Nobiliário das Famílias de Portugal, Tomo I e II, Vol. II, Braga, Ed. Carvalhos de Basto Lda., 1997, p. 79.
[12] A Norte a comarca de Guimarães fazia fronteira com as comarcas de Braga e Viana do Castelo. Em várias partes, especialmente no norte, tocava áreas ligadas ao Arcebispado de Braga, uma influência que permeava também a jurisdição eclesiástica. Ao sul, os limites da comarca eram definidos pelo território que hoje corresponde às zonas do Baixo Tâmega e do norte do Douro. A oeste, Guimarães encontrava limites com áreas costeiras ligadas à comarca do Porto, especialmente ao longo do curso do rio Ave. Para leste, o território da comarca se estendia até regiões montanhosas, tocando áreas da comarca de Vila Real, atravessando o que hoje é o distrito de Braga e partes de Trás-os-Montes.
[13] AMAP: C -757, fl. 7
[14] ANTT: “Prazo do casal e moinhos da Ribeira, em São Lourenço de Riba de Selho, feito a Afonso Vieira”. Código de Referência: PT/TT/CSMOG/DP75/07. Data de Produção: 1509-04-27. Cota atual: Colegiada de Santa Maria da Oliveira de Guimarães, Documentos particulares, mç. 75, n.º 7.
[15] AMAP: Prazo de umas casas na Rua Sapateira, João Gonçalves, sapateiro e sua mulher, Madalena Gonçalves. Código de Referência: PT/AMAP/CSMOGMR/4130/DP80/35. Data de Produção1514-07-05. Cota atual: PT/TT/CSMOG/DP80/35.
[16] AMAP: “Prazo das casas da Porta do Postigo, que foram de Catarina Lourenço, feito a Catarina Lourenço”. Código de referência: PT/AMAP/CSMOGMR/4130/DP86/14. Data de produção: 1540-10-01. Cota atual: PT/TT/CSMOG/DP86/14
[17] C – 1116, Prazo n.º 5, “Prazo de metade das casas da Rua de Santa Maria feito a Pedro de Freitas tabelião genro de Álvaro Rebelo e da outra metade a Isabel Velosa filha do dito Álvaro Rebelo avó de Diogo de Freitas Rebelo cunhado de André Afonso Peixoto.
[18] AMAP: MC-66, fl. 139.
[19] AMAP: P-359, fl. 16, n.º 2.
[20] ADB: B-117, fl. 30 v, n. º 2.
[21] ADB: B-117, fl. 45 v, n. º 3.
[22] ADB: B-117, fl. 39 v, n. º 2.
[23] ADB: B-117, fl. 49, n. º 6.
[24] ADB: B-117, fl. 53 v, n. º 3
[25] ADB: B-117, fl. 69, n. º 1
[26] ADB: B-117, fl. 84 v, n. º 3
[27] AMAP: P-359, fl. 20 v, n. º 1.
[28] ADVR: D02/C006/E05/P4/UD.Cx PPRG09-21, Misto 1, fl. 32, n.º 3.
[29] AMAP: P-359, fl. 28 v, n. º 2.
[30] AMAP: P-406, fl. 5, assento n.º 36.
[31] AMAP: P-406, fl. 9 v, assento n.º 70.
[32] AMAP: P-406, fl. 21, assento n.º 163.
[33] Viúvo de Isabel Fernandes, também nomeada Isabel Bernardes, falecida em São Paio, Guimarães, a 08-fev-1660.
[34] AMAP: P-394, fl. 4, n. º 3. Fez testamento, sua mulher e filhos foram os herdeiros. Deixou que sua mulher, Beatriz de Guimarães, lhe mandasse dizer três dias de missas gerais e sepultou-se no Convento de São Domingos.
[35] AMAP: P-442, fl. 117 v., n. º 1.
[36] AMAP: P-442, fl. 129, n. º 4.
[37] AMAP: Misto 1, Polvoreira (São Pedro), Paroquial n.º 618, fl. 168 v., n.º 1.
[38] AMAP: Misto 2, Polvoreira (São Pedro), Paroquial n.º 619, fl. 92 v. n.º 2.
[39] Felgueiras Gaio, Manuel José da Costa, Nobiliário das Famílias de Portugal, Braga, Ed. Carvalhos de Basto, vol. VI, título Guimarães, 1992, p. 33.
[40] ANTT: Chancelaria de D. Afonso V, livro 37, fls. 127.
[41] Marques, José, «Os Itinerários do Arcebispo de D. Fernando da Guerra (1417-1467), in Revista de História do Centro de História da Universidade do Porto, 1978.
[42] Moraes, Cristóvão Alão de Morais, Pedatura Lusitana. Nobiliário das Famílias de Portugal, Tomo I e II, Vol. II, Braga, Ed. Carvalhos de Basto Lda., 1997, p. 79.
[43] Moraes, Maria Adelaide Pereira de Morais, «Desceram do monte, atravessaram o mar (Castros de Guimarães e seu termo)», in Boletim de Trabalhos Históricos, Vol. XXXVIII, Guimarães, ed. Arquivo Alfredo Pimenta, 1987, pp. 89-91. Vol. XXXVIII
[44] Azevedo, Padre Torquato Peixoto de, Nobiliário Segundo nota do falecido genealogista bracarense “Dr. José de Sousa Machado”. 1 vol., manuscrito 1704, SMS: Cota: BS 1-7-98.
[45] Marques, José, A Arquidiocese de Braga no século XV, Lisboa, IN-CM, 1988, p. 145.
[46] Guimarães, João Gomes de Oliveira, «Arquivo da Colegiada de Guimarães» in Revista de Guimarães, 29 (1) jan.-mar. 1912, CMLXIII, pp.14-15.
[47] AFFONSO, Domingos de Araújo, Da verdadeira origem de algumas famílias ilustres de Braga e seu termo – volume I. Braga, Editora: Oficinas Gráficas «Pax», 1945, nota de rodapé 90.
[48] Marques, José, 1988, ob. cit., p. 377.
[49] Idem, p. 176. Marques, José, «Os Itinerários do Arcebispo de D. Fernando da Guerra (1417-1467), in Revista de História do Centro de História da Universidade do Porto, Porto, 1978, p. 90
[50] Marques, José, 1988, ob. cit., p. 377.
[51] Um dos primeiros projetos genealógicos de monta a nível nacional, criando uma significativa base de dados populacional, além de um fórum, onde se trocam muitas impressões e se partilha conhecimento. Menos concorrido com o advento das redes sociais e dos grupos de especialidade. https://geneall.net/pt/forum/3027/martinho-de-guimaraes-aqui-jaz-ines/ consultado 06-10-2024.
[52] https://geneall.net/pt/forum/3027/martinho-de-guimaraes-aqui-jaz-ines/ consultado 06-10-2024.
[53] Idem, ibidem.
[54] https://geneall.net/pt/forum/3027/martinho-de-guimaraes-aqui-jaz-ines/#a420536, consultado 06/out/2024.
[55] Idem, Ibidem.
[56] Idem, Ibidem.
[57] https://geneall.net/pt/forum/3027/martinho-de-guimaraes-aqui-jaz-ines/#a420536, consultado 06/out/2024.
[58] BMP: Azevedo, Torcato Peixoto de, 1622-1705, co-autor, Desçendendencia [sic] dos verdadeiros Guimares [sic] [ Manuscrito] / acrescentada pelo P.e Torquato Peixoto [de Azevedo]. Cota: 929.5. Compra a Emília Teixeira de Sousa, viúva do genealogista José de Sousa Machado (compra 51/1940). – Na parte interna da pasta superior, anotado por José de Sousa Machado?: Este nobiliario foi escripto em Guimarães (v. fl. 2-3v-4v-5-5v-6v et.) no 1o quartel do seculo XVII (D. Isabel Peixoto era donzella e solteira (pg. 7) e casou depois (1621). D. Leonor Peixoto era morta (pg. 10v) e falleceu em 1615. Foi acrescentado pelo P.e Torquato Peixoto em 1681 (vide fl 25 e fl. 64 v e fl 74 e 50 v. Foi acrescentado por Diogo Peixoto de Azevedo em 1706 (vide fl. 97 v e 100) e em 18– por Gabriel Antonio Leite Brandão [Peixoto de Azevedo]
[59] https://geneall.net/pt/forum/3027/martinho-de-guimaraes-aqui-jaz-ines/, consultado a 06-10-2024.
[60] ANTT: Diligência de Habilitação Para a Ordem de Cristo de Luís Saraiva de Carvalho. Código de Referência: PT/TT/MCO/A-C/002-010/0012/00005. Data de produção: 1758-12-15. Cota Atual: Mesa da Consciência e Ordens, Habilitações para a Ordem de Cristo, Letra L, mç. 12, n.º 5. Treslado dos autos de puretate sanguinis de António de Meira Peixoto – Na casa da Câmara Eclesiástica da cidade de Braga que é aonde pendeu a dita causa de puritatis sanguinis entre partes a saber o dito António de Meira Peixoto arcipreste que foi na insigne real Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira da Oliveira da Vila de Guimarães como Apelante e Apelado o reverendo cabido da dita Colegiada e outros mais documentos que fazem a bem da purificação da pureza de sangue do dito António de Meira Peixoto e Jácome Fernandes e Fernão Martins e outros conteúdos nos mesmos autos e documentos com o teor de tudo aqui se tresladaram que são os que seguem de verbo adverbum – Sentença de puritatis sanguinis O Doutor Melchior Vaz Correia protonotário apostólico e cónego prebendado da Santa Sé. Ano de 1646 aos 10 de maio.
[61] Idem, fl. 23, imagem 79.
[62] Ou açoitada?
[63] Trata-se de um curioso episódio em que António de Valadares, abade de Rio Mau, deu com um corno na cabeça a David Machado de Miranda, em audiência pública do juiz de fora. António de Valadares, abade de Rio Mau, filho de Inês de Guimarães. Num momento em que Golias e Machados se defrontavam nos jogos de poder na vila e aqueles eram parentes dos Guimarães, é provável que a condição menos limpa de que os Golias também padeciam fosse ventilada pelos Machado de Miranda. Tal situação que mereceu imediata resposta do abade do Rio Mau que surgiu em defesa de seus parentes. Este episódio vem descrito nas inquirições de genere para cónego do Doutor Rui Gomes Golias, de 17-jan-1631. A testemunha Gaspar Lopes Velho, cidadão de Braga, então com cinquenta anos é chamado a depor sobre a relações entre Valadares, Golias e Machados e refere o seguinte: «Item perguntado pelo auto atrás disse que era natural da vila de Guimarães e conhecia bem aos Valadares e aos Golias, e Machados, que são gerações conhecidas na dita vila e sabia que António de Valadares abb.e de Rio Mao deu com hum corno na cabeça a David de Miranda em audiência publica do juiz de fora da dita vila e foi cousa muito publica posto que ele testemunha se não achou presente na dita audiência e que sabe que o dito António de Valadares e seus irmãos são parentes no segundo ou terceiro graos dos Doutores Rui Gomes Golias, e Rui Gomes Golias vigário geral q[ue] foi nesta corte, e sabe ele test[emunh]a que a geração dos Machados e dos Golias não correm huns com os outros, he são tidos por inimigos». ADB: Inquirição de genere de Rui Gomes Golias, de 24-jan-1631. Código de referência: PT/UM-ADB/DIO/CSB/006/000027. Cota Antiga: K-Tomo I, fls. 65.
[64] ANTT: Diligência de Habilitação Para a Ordem de Cristo de Luís Saraiva de Carvalho. Código de Referência: PT/TT/MCO/A-C/002-010/0012/00005. Data de produção: 1758-12-15. Cota Atual: Mesa da Consciência e Ordens, Habilitações para a Ordem de Cristo, Letra L, mç. 12, n.º 5, fl. 24 v, imagem 82.
[65] AMAP: Colegiada 931, fl. 203 a 205, de 28-set-1557 «Instrumento de contrato de dote e casamento».
[66] Idem, Ibidem.
[67] AUC: João de Valadares. Código de referência: PT/AUC/ELU/UC-AUC/B/001-001/V/000049. Datas de produção: 1552 a 1559-07-14. Naturalidade: Guimarães. Faculdade: Leis. Provou que estudara em Salamanca 4 cursos em Leis que começaram em 1552 a 08.06.1556. Exame para Bacharel em Leis e Grau de Bacharel: 14.07.1559 Aprovado Nenime Discrepante.
[68] AUC: Francisco Rebelo. Código de referência: PT/AUC/ELU/UC-AUC/B/001-001/R/001235. Datas de produção: 1585-10-08 a 1590-10-10. Filiação: João de Valadares. Naturalidade: Guimarães. Faculdade: Cânones. Matrícula(s): 13.10.1589, 10.10.1590. Instituta: 08.10.1585.
[69] Cerco da Fortaleza de Cunhale pelo Vice-Rei André Furtado de Mendonça, em 1600. Também conhecida como Forte de Cunhalgi ou Forte de Cundale ficava localizada na região do atual estado de Karnataka, na Índia, ao norte de Goa. Especificamente, o forte estava situado perto do rio Kalinadi, na cidade de Kumta, que hoje faz parte do distrito de Uttara Kannada.
[70] AUC: Pedro de Valadares. Código de referência: PT/AUC/ELU/UC-AUC/B/001-001/V/000075. Datas de produção 1609-11-04 a 1615-10-16. Filiação: João de Valadares. Naturalidade: Guimarães. Faculdade: Cânones Matrícula(s): 15.10.1610; 14.10.1611; 16.10.1612; 17.10.1613; 22.10.1614; 16.10.1615. Instituta: 04.11.1609. Exame de Bacharel em Cânones: 03.06.1613. Formatura: 14.11.1613.
[71] «António de Valadares, abbade de Rio Mau, instituío morgado com cappeia de Nossa Senhora de Penha, na freg. de S. Miguel de Carreiras, junto à Torre de Penegate, cem missa quotidiana, e tres semaneiras, e monumento para seus sucessores com escudo de suas armas. É administrador seu parente João de Azeredo de Faria e tem casas na Rua de Santa Maria» in Memórias Resuscitadas da Antiga Guimarães,
do Padre Torcato Peixoto de Azevedo. Tip. da Revista, 1845 (o manuscrito é de 1692), p. 364. O mesmo está copiado na página 289 do “Guimarães”, do Padre Caldas.
[72] ANTT: Diligência de habilitação de Pedro Beça de Faria, Tribunal do Santo Ofício, Conselho Geral, Habilitações, Pedro, mç. 1, doc. 9, de 29-dez-1619. Código de Referência: PT/TT/TSO-CG/A/008-001/23052
[73] NEVES, António Amaro das, «Índices dos manuscritos de João Lopes de Faria» in Revista de Guimarães, 117-118-119 jan.-dez. 2007-2008-2009, p. 243.
[74] C-938h (escritura nº 74, fl. 120v) Nota de Bento da Cruz Lobato.
[75] ANTT: Código de Referência: PT/TT/CHR/I-I/0031/77-1, Chancelaria de D. Afonso V, liv. 31.
[76] Guimarães, João Gomes de Oliveira, «Arquivo da Colegiada de Guimarães» in Revista de Guimarães, 29 (2) Abr.-Jun. 1912, p. 69. MLXXXVIII – 16-III-1459 – Emprazamento, em três vidas, de casas na rua de Santa Maria, renunciadas por Pera Lourenço do Condado, ora morador no Couto de Belmill, feito pelo Cabido ao conego Luís Eannes com a renda de 9 maravidis de antiga moeda e um par de boas galinhas recebondas. Feito no coro da Collegiada Igreja de Santa Maria a 16 de março do ano de 1459 pelo tabelião Joham Vaasquez, escudeiro vassalo d’Elrei. (Idem, n. 6)
[77] Guimarães, João Gomes de Oliveira, «Arquivo da Colegiada de Guimarães» in Revista de Guimarães, 29 (2) abr.-jun. 1912, p. 69. MLXXXIX – 16 -III-1459 – Emprazamento, em três vidas, de casas na rua de Santa Maria, renunciadas pelo cónego Luís Eannes a quem foram legadas por testamento de seu tio o Chantre Pero Affonso, feito pelo Cabido ao conego Martim Lourenço com a renda de 12 maravidis de antiga moeda e duas galinhas. Feito no coro da Collegiada Igreja de Santa Maria a a 16 de março do anno de 1459 pelo tabelião Joham Vaasquez, escudeiro vassalo d’EIrei. (idem, fl. 6).
[78] AMAP: C-1405, fl. 24 a 27. «Doação da metade de umas casas na Rua do Gado – Ano de 1465 aos 07 de abril – Na Colegiada Igreja de Santa Maria estando os honrados e discretos Afonso Pires de Freitas tesoureiro da dita Igreja João de Resende mestre escola Fernão Anes cónego e procurador do cabido Lopo Afonso, Vicente Anes e Brás Esteves e Tomás Pires e Luís Anes e Pedro Anes capelão e Jorge Afonso e Pedro Anes e a maior parte dos outros cónegos (…)»
[79] ANTT: “Prazo de umas casas cerca da Torre Velha, feito a Gonçalo Anes, sapateiro” Código de referência: PT/TT/CSMOG/DP56/14. Data de produção: 1460-09-05. Cota atual: Colegiada de Santa Maria da Oliveira de Guimarães, Documentos particulares, mç. 56, n.º 14. « Saibam os que este Estromento de prazo virem q no anno / do nascimento de nosso senhor JHU XPO de mill e quatrocentos e sassenta annos cinquo dias do mês de Setembro na villa / de Guimarãaes no Coro da Colegiada Igreja de Santa Maria da dicta villa quando sayam da véspera estando no dito logo os homrrados e muito discretos barõoes Afonso Pires de Freitas Thesoureiro / E Martim Afonso e Gil Afonso e Vicente Martiins e Nicolaao Anes Fernam Carneiro Luís Eanes Johane Anes Jorge Afonso Tomás Pires Afonso Anes / Álvaro Gonçalves Gonçalo Anes Pedro Afonso todos cónigos dessa mesma […] emprazarom em prazo de três vidas e derom a Gonçalo Anes sapateiro que presente estava e a Ines Eanes […]»
[80] AMAP: C- 1385, fl. 22 a 24 de 03-ago-1479. «Na Colegiada de Santa Maria estando aí os honrados Martim Lourenço Reiconado Vicente Martins Luís Eanes e Luís Vaz e Tomás Pires e Afonso Anes e Álvaro Gonçalves e Gonçalo Martins todos cónegos (…)».
[81] ANTT: Prazo do lugar das Privadas, no Campo da Feira. Código de referência: PT/AMAP/CSMOGMR/4130/DP65/10. Data de produção:1485-10-25. Cota atual: PT/TT/CSMOG/DP65/10 «(…) Fernão Álvares chantre Afonso de Freitas tesoureiro Lourenço Afonso de Andrade protonotário e mestre escola Martim Lourenço Riconado e Fernão Carneiro e Luís Vaz e Luís Eanes e Rui Gonçalves Novais e Tomás Pires e João Álvares e Vasco Martins e Afonso Anes e Gonçalo Anes e Diogo Afonso todos cónegos da dita Igreja (…)».
[82] ANTT: Prazo do lugar da Ramada, além do Campo da Feira. Código de referência: PT/AMAP/CSMOGMR/4130/DP68/15. Data de produção: 1493-08-17. Cota atual: PT/TT/CSMOG/DP68/15. Bacharel Fernão Álvares chantre Lourenço de Andrade protonotário mestre escola Martim Lourenço Luís Vaz João Fernandes Luís Eanes Afonso Anes Tomás Pires todos cónegos (…)»
[83] ANTT: “Prazo de umas casas com seu eixido e árvores que estão na Rua de Santa Maria, freguesia de Nossa Senhora da Oliveira, feito a João de Santarém”. Código de referência: PT/AMAP/CSMOGMR/4130/DP71/10. Datas de produção: 1500-04-15 a 1500-04-15. Cota atual: PT/TT/CSMOG/DP71/10 «(…) O bacharel Fernão Álvares chantre e Dom Lourenço de Andrade protonotário e mestre escola e Martim Lourenço e Luís Anes e Afonso Anes (…)»
[84] FERREIRA, Maria da Conceição Falcão, «Uma Rua de elite na Guimarães Medieval (1376- 1520)» Revista de Guimarães, 97-98 Jan.-Dez. 1987-1988, p. 224.
[85] Marques, José «A Colegiada de Guimarães no Priorado de D. Afonso Gomes de Lemos (1449-1487) in Atas Congresso Histórico de Guimarães e a sua Colegiada», Guimarães, ed. Câmara Municipal de Guimarães, 1982, p. 254-255.
[86] ANTT: “Prazo do casal de Fermil, freguesia de São Miguel das Caldas, feito a Gonçalo Martins”. Código de referência: PT/TT/CSMOG/DP72/01. Data de produção: 1502-01-07. Cota atual: Colegiada de Santa Maria da Oliveira de Guimarães, Documentos particulares, mç. 72, n.º 1.
[87] AMAP: Cota Antiga, Notarial n.º 1, fl. 17 v. 18, 19 e v, de 13 de outubro de 1539.
[88] Guimarães, João Gomes de Oliveira, «Arquivo da Colegiada de Guimarães» in Revista de Guimarães, 29 (1) jan.-mar. 1912, CMLXIII, pp.14-15.
[89] AMAP: Prazo do casal de Infias e das leiras de Goladas, feito a Leonor Esteves, Código de Referência: PT/AMAP/ECL/CSMOGMR/003/DP45/06. Data de produção: 1428-08-30. Cota Atual: PT/TT/CSMOG/DP45/06.
SIGLAS E ABREVIATURAS
ADB – Arquivo Distrital de Braga
ADP – Arquivo Distrital do Porto
AMAP – Arquivo Municipal Alfredo Pimenta
ANTT – Arquivo Nacional da Torre do Tombo
ADVR – Arquivo Distrital de Vial Real
BMP – Biblioteca Municipal do Porto
SMS – Sociedade Martins Sarmento
Ed. – Edição
fl., fl.s, – Folha, folhas
Liv. – Livro
Ob. cit., – Obra citada
p., pp. – Página, páginas
reed. – Reedição
S.d. – Sem data
Tít.: – Título
v. – Verso
Vol. – Volume
BIBLIOGRAFIA
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GUIMARÃES, João Gomes de Oliveira, «Arquivo da Colegiada de Guimarães» in Revista de Guimarães, 29 (1) jan.-mar. 1912, CMLXIII, pp.14-15.
MARQUES, José, «Os Itinerários do Arcebispo de D. Fernando da Guerra (1417-1467), in Revista de História do Centro de História da Universidade do Porto, 1978.
MARQUES, José, A Arquidiocese de Braga no século XV, Lisboa, Ed. Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1988
MARTINS, Raquel de Oliveira, Braga and its territory between the fifth and the fifteenth centuries, Raquel Martínez Peñin (ed.), Braga: University of Minho- Archeology Unit/Lleida: Universitat de Lleida, 2015,
MORAES, Cristóvão Alão de Morais, Pedatura Lusitana. Nobiliário das Famílias de Portugal, Tomo I e II, Vol. II, Braga, Ed. Carvalhos de Basto Lda., 1997, p. 79.
MORAES, Maria Adelaide Pereira de Morais, «Desceram do monte, atravessaram o mar (Castros de Guimarães e seu termo)», in Boletim de Trabalhos Históricos, Vol. XXXVIII, Guimarães, ed. Arquivo Alfredo Pimenta, 1987.
GAIO, Manuel José da Costa Felgueiras, Nobiliário das Famílias de Portugal, Braga, Ed. Carvalhos de Basto, vol. VI, 3ª edição, 1992.
MANUSCRITOS
AZEVEDO, Padre Torquato Peixoto de, Nobiliário Segundo nota do falecido genealogista bracarense “Dr. José de Sousa Machado”. 1 vol., manuscrito 1704, SMS: Cota: BS 1-7-98.
AZEVEDO, Torcato Peixoto de, 1622-1705, co-autor, Desçendendencia [sic] dos verdadeiros Guimares [sic] [ Manuscrito] / acrescentada pelo P.e Torquato Peixoto [de Azevedo]. Biblioteca Municipal do Porto, Cota: 929.5. Compra a Emília Teixeira de Sousa, viúva do genealogista José de Sousa Machado (compra 51/1940). – Na parte interna da pasta superior, anotado por José de Sousa Machado?: Este nobiliario foi escripto em Guimarães (v. fl. 2-3v-4v-5-5v-6v et.) no 1o quartel do seculo XVII (D. Isabel Peixoto era donzella e solteira (pg. 7) e casou depois (1621). D. Leonor Peixoto era morta (pg. 10v) e falleceu em 1615. Foi acrescentado pelo P.e Torquato Peixoto em 1681 (vide fl 25 e fl. 64 v e fl 74 e 50 v. Foi acrescentado por Diogo Peixoto de Azevedo em 1706 (vide fl. 97 v e 100) e em 18– por Gabriel Antonio Leite Brandão [Peixoto de Azevedo]
WEBGRAFIA
https://geneall.net/pt/forum/3027/martinho-de-guimaraes-aqui-jaz-ines/ consultado 06-10-2024